Pokémon Black/White 2 mantém todos os elementos que fizeram o
sucesso da série: a progressão orgânica, o mundo cativante, a sensação
de realmente estar evoluindo com os seus adoráveis escravos e o sistema
de batalha (sem alterações aqui) que consegue a proeza de ser tão
intuitivo quanto complexo.
Black/White 2 também mantém os avanços
visuais, de level design e conectividade dos seus antecessores da
quinta geração. Então, qual é o problema? O problema é que esse é o
primeiro
Pokémon em muito tempo que não parece ter vontade de
levar a série adiante. Há elementos novos, mas nenhum altera a sensação
geral da experiência. Para uma série constantemente acusada de estar
estagnada, isso definitivamente não é um bom sinal.
Ao mesmo tempo, contudo, é uma oportunidade para refletir o momento em
que a série se encontra e o que deve fazer em seguida. Nesse sentido,
Black/White 2 serve
muito mais como um "Pokémon Gray" do que uma sequência real, inclusive
com a sua própria versão da Battle Frontier, aqui apresentada como
Pokémon World Tournament. Apenas um problema de comunicação.
Black/White 2 se passa 2 anos após o original. O que conhecíamos
de Unova está essencialmente intacto: um ou outro prédio mudou de lugar,
alguns ginásios desapareceram, mudaram seu interior ou foram
substituídos por ginásios de outros tipos, mas as cidades possuem
essencialmente o mesmo layout. Há, porém, vários locais novos, como
Aspertia City e Virbank City, que, se não são suficientes para dar uma
atmosfera diferente do jogo anterior, ao menos são bonitos e se adaptam
perfeitamente aos antigos. É um belo cenário, contendo desde metrópoles
gigantescas até pequenas vilas pastoris, e ainda é um alívio poder andar
por aí em um
Pokémon praticamente sem usar HMs. Então, a Game Freak resolve contar uma história.
Narrativa nunca havia recebido grande atenção em Pokémon. Isso mudou - ou, melhor dizendo, ensaiou uma mudança - em
Black/White
1, quando, além de ser uma história mais profunda tematicamente, também
era, comparativamente falando, muito melhor desenvolvida. Assim, é um
tanto decepcionante ver que o que parecia ser uma forte ambição tornou a
ser algo apenas de suporte. Alguns dos personagens mais promissores do
primeiro jogo praticamente desapareceram e o que antes era uma tentativa
de discutir um tema relevante no universo da série - a relação entre
humanos e pokémon - agora é apenas uma mensagem martelada na sua cabeça
durante toda a jornada principal. Simplesmente sair por aí desafiando os
líderes de ginásio e por fim a E4 ainda é a maior motivação e não há
nada de errado nisso, mas seria interessante um experimento maior na
narrativa da série.
Em termos de funcionalidades, há poucas, mas interessantes, novidades. A Join Avenue adiciona um pedaço de
Animal Crossing a
Pokémon, permitindo que o jogador administre uma avenida, conversando
com as pessoas que por ali passam para abrir lojas ou visitar as já
existentes. O elemento especial aparece quando você percebe que, fora os
NPCs, todos os que passam por ali são pessoas reais com as quais você
interagiu de alguma forma, como batalhando online ou trocando Pokémon.
Além da Join Avenue, o supracitado Pokémon World Tournament pode ser uma
reformulação da Battle Frontier, mas a sua apresentação e estrutura
muito mais enxuta torna a experiência muito mais agradável do que as
suas análogas. Também há um estúdio (tão útil quanto uma Magikarp nível
1) em que é possível filmar batalhas e encher de enfeites para parecer
um filme de baixo orçamento. Além disso, há um Challenge Mode e um Easy
Mode, que, obviamente, aumentam e diminuem a dificuldade, mas que
misteriosamente não estão habilitados desde o início. O ambiente online,
entretanto, continua com exatamente as mesmas opções, incluindo o Dream
World.
Pokémon Black/White provou que o DS ainda tinha algo de novo para oferecer mesmo com quase sete anos de idade.
Pokémon Black/White 2 nos
lembra de todas as limitações do console, uma por uma. Ainda assim, é
uma jornada - como sempre - agradabilíssima. Afinal de contas, é
Pokémon, e a mistura perfeita de progressão nivelada e colecionáveis
sempre terá um apelo gigantesco. Unova pode não estar mais tão nova
assim, mas ainda tem muito charme.
Nota Final:8,5
Prós:
- O visual foi melhorado, com cidades mais vivas e personagens mais bem animados;
- Há muita (muita mesmo) coisa pra se fazer;
- As medals são uma adição bem interessante e desafiadora;
- O Pokémon World Tournament é divertido e acrescenta grande valor à experiência.
- Contras:
- A sensação é praticamente a mesma de B&W;
- O game está um pouco mais fácil.